CORREIO DO FIM DO MUNDO
Romance, Solo, 2018
AVESSO
Romance, Global, 2011
Teodoro se sentou ao volante e reviu toda a lista, sem pressa e metodicamente, pensando se havia esquecido algo. Aparentemente, não. Acionou o controle eletrônico e esperou o portão abrir por completo. Puxou o afogador, deu a partida e, como ele previra, o Corcel pegou de primeira. Esperou alguns minutos para o motor esquentar, acendeu os faróis, engatou a primeira e arrancou devagar. Baixou o vidro e deu uma bela tragada no ar frio de fora. Estava escuro ainda, mas lá adiante, além das copas das árvores, o preto do céu se abria num indecente rasgo avermelhado."
CAMA DE CIMENTO
Reportagem, Ediouro, 2007
Já me livrara de muito peso. E nem sempre havia sido fácil. Às vezes pelo valor sentimental das coisas, como uma anacrônica bússola, presente de meu avô, comprada especialmente para o neto que se embrenharia na selva. Não foi fácil, mas me livrei. Joguei no rio Amazonas. Para criar certa aura ritualística, talvez. Às vezes era difícil porque as coisas voltavam. Em geral com a faxineira correndo atrás de mim, sacudindo o objeto propositadamente largado em algum quarto de pensão. Foi assim com uma camisa encardida demais, e com umas sandálias papete, que se mostraram pouco eficientes em relação às botas. Mas apesar de tudo que consegui largar pelo caminho, a mochila ainda pesava demais. E eu me irritava por não ter me acostumado, por não ter sido capaz de endurecer o corpo a ponto de não me importar mais com o peso que carregava.”
FESTA INFINITA
Reportagem, Ediouro, 2008